Estação Ferroviária da Praça Guido Marlière
Estação Ferroviária da Praça Guido Marlière
Publicado em 02/06/2010 13:30 - Atualizado em 12/07/2010 10:16
Estação Ferroviária da Praça Guido Marlière
A data da inauguração da estrada de ferro e da estação ferroviária é controversa, havendo registros que informam ser a construção datada de 1879, ano da chegada dos trilhos e outros de 1881. Ei-los:
"...a estação de Ubá foi inaugurada em 1879, havendo também referências à data de 20/02/1880 para essa abertura. Em 1886, com a abertura da estação de Ligação e a conseqüente união da linha do Centro com a estação de Três Rios via Bicas e Pequeri, Ubá passou a ser atingida por dois trens, ambos vindos do Rio de Janeiro, um que passava por Cataguases e outro, por Bicas. Na primeira metade dos anos 70, a linha que vinha por Bicas parou com os trens de passageiros, e logo depois, nos anos 80, a linha do Centro também parou. Pelo menos até 1980 ainda trafegavam por ali trens mistos, trazendo passageiros para a estação. A linha do Centro, ainda ativa para cargueiros até a região de Cataguases, nunca foi oficialmente suprimida..." (9)
No artigo "Um século de autonomia", publicado no jornal ubaense "Folha do Povo", em 1953, de Campomizzi Filho, encontramos:
"...Cem anos são passados da lei provincial que criou o município de Ubá. Muita coisa de importante se registrou depois desse grande passo. Em vinte e oito de fevereiro de oitenta inaugurou-se a ferrovia. Veio depois o telégrafo. Mais tarde, chegaram os colégios. Seguiu-se a iluminação hidroelétrica. O rádio e o cinema se incorporaram à vida municipal como decorrência de nosso crescimento em todos os sentidos." (10)
Parece-nos que a ferrovia chegou de fato a Ubá em 1879. Os estudos de GIESBRECHT são fartos e balizados. E é bem provável que o prédio tenha sido construído nessa época, vindo a ser inaugurado, festivamente, em 1881, pelo Imperador Dom Pedro II. Ampara-se tal hipótese em Morais: "Quando, em Novembro de 1881 o nosso saudoso monarca Dom Pedro de Alcântara e sua Augusta esposa nos visitaram pela primeira vez, com o objetivo de inaugurar o tráfego da estrada de ferro até a estação desta cidade, estando a ponta dos trilhos já na fazenda do saudoso e ilustre ubaense Cel. Manoel de O. Brandão, foram eles hospedados pelo Dr. Braz Valentim Dias, humanitário e querido clínico de saudosa memória, na casa de sua residência então, hoje residência e propriedade do ilustre ubaense, Major José Theodoro Gonçalves. Esse velho solar teve então as honras de Palácio Imperial durante 36 horas, o tempo que durou a imperial visita à nossa querida Ubá".(11) Tal depoimento integra uma das crônicas publicadas na imprensa ubaense de outrora, recolhidas e editadas pela Academia Ubaense de Letras, em 1988.
Quando menino, Levindo Coelho, mais tarde senador, morava em Ubá e também assistiu à visita do Imperador D. Pedro II e a descreveu em suas memórias. Sua narrativa corrobora a crônica de Morais:
"Em 1881, Ubá foi o teatro de um acontecimento único em sua vida social, que não se repetirá. Mesmo porque, o fato é consumado, os homens do tempo já desapareceram, o regime é outro. (..) Foi assim, o que se verificou na inauguração da Estação da E. F. Leopoldina e da sua linha férra [sic] nesta cidade de Ubá quando foi honrada com a presença de suas Majestades o Imperador, Dom Pedro II e sua augusta esposa a Imperatriz Dona Teresa Cristina e mais dignatários da sua côrte. (...) Às três horas da tarde, um longo apito do comboio imperial comunicava a chegada dos augustos hospedes e o povo se comprimia na gare e nos arredores da estação que era um edifício fechado a tabuas aplainadas e embutidas em paredes. O trem se deteve junto à gare por entre jubilosas aclamações, sendo o comboio puxado pela maquina Furquim." (12)
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(9) GIESBRECHT, Ralph Mennucci.
Estações Ferroviárias do Estado de Minas Gerais. Disponível em www.estacoesferroviarias.com.br
(10) CAMPOMIZZI FILHO, José.
Escritos e Memórias. Organização de ABUJAMRA, Alencar e BOTELHO, Nicolina Arantes. Brasília: 2000. P. 85.
(11) MORAIS, Raul de.
Ubá Imperial. Artigos publicados no jornal "Cidade de Ubá". Recolhidos em livro pela Academia Ubaense de Letras. Ubá, 1988.Editora Gráfica Gonçalves. Ubá, 1888, P.50.
(12) COELHO, Levindo Eduardo in: MORAIS, Raul de. Ob.cit.
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