Oficina de ritmo e poesia desperta sensibilidade no CRAS São João
Oficina de ritmo e poesia desperta sensibilidade no CRAS São João
Publicado em 27/12/2017 09:34
Os participantes da oficina trocam ideias, se expressam e criam suas próprias produções, que são apresentadas para os colegas.
Descontração e timidez se misturam entre os jovens, que estão usando o rap para dizer o que sentem.
Uma proposta diferente está tocando o lado sensível de usuários do CRAS São João. Na oficina de Ritmo e Poesia, jovens de 9 a 17 anos estão encontrando espaço para se expressar por meio das palavras, em composições próprias que já renderam raps, poemas e letras de música.
Há cerca de três meses, os estagiários de Psicologia Eduardo Lima e Yuri Cazita chegaram ao CRAS para desenvolver alguma atividade com os usuários. Inicialmente seria uma oficina literária, mas os estagiários perceberam que os alunos, que vinham diretamente de uma oficina de karaté, chegavam agitados pela atividade física, o que não combinava com a proposta. A solução foi adaptar e juntos com os alunos construíram uma nova ideia, de deixar um pouco a literatura e explorar mais o ritmo e a poesia.
Ao chegar, os alunos fazem exercício de respiração e dinâmica em grupo para quebrar o gelo e aumentar o entrosamento, e aos poucos os resultados vão surgindo. Em pouco tempo, jovens que eram extremamente tímidos levaram criações surpreendentes e mostraram, inclusive, mudanças em suas atitudes.
“Cada um de nós tem um ritmo, que é único, e o que pretendemos aqui não é formar rappers, mas pessoas que compreendam tanto seu próprio ritmo como o do próximo, gerando mais interação entre eles. E criando esse ambiente onde todos estão entrosados, fluem diversas produções, e aí está o verdadeiro rap: o ritmo e a poesia de cada um colocados para fora, expressos no papel, com emoção. Essa é a parte mais fantástica da oficina. Às vezes a gente fica preso em uma rotina que sufoca e não temos onde gritar sobre isso. E esse é o espaço onde muitos gritos estão sendo ouvidos e compartilhados”, diz Eduardo.
Lara Cristina Martins, de 17 anos, é um exemplo de quem venceu a timidez para se expressar. “Eu pensava por alto, mas escrever foi aqui mesmo. Eu expus minha realidade, coloquei na letra coisas que vejo, que sinto e ficou bem legal. Aqui é uma troca de opiniões, todo mundo fala, se expressa, ninguém julga e todos aplaudem, porque é a maneira que usamos para expressar o que sentimos”, diz a jovem.
De acordo com a coordenadora do CRAS São João, Nilza Rodrigues, envolver música na atividade e oferecer algo novo foi fundamental para despertar o entusiasmo dos jovens em participar. “Está sendo uma coisa muito positiva. Ali eles colocam suas ideias e tentam criar, e para eles está sendo muito interessante, pelo fato de ser uma coisa diferente do que estão acostumados”, conta.
O objetivo agora é criar cada vez mais, fazer um vídeo para o Youtube com produções dos alunos e ver até aonde a oficina, que surgiu do acaso, pode levar à descoberta de novas aptidões. “Quanto mais interesse despertar, mais pessoas vão vir, o que garante uma continuidade de um espaço que é legal, que está promovendo uma descontração para os jovens. É quase um momento terapêutico”, diz Eduardo.
por Assessoria de Comunicação da PMU